domingo, 16 de agosto de 2009

DE PÉ ESQUERDO



Existem dias em que acordamos com o pé esquerdo e nada dá certo. Se percebêssemos isso antes, voltaríamos para cama e acordaríamos novamente só para ter a oportunidade de tentar viver o dia de forma diferente! Tive um dia desses! Lembro-me que, para mim, seria mais ou menos um dia comum, pois era sexta-feira. Iria para o trabalho e depois, para casa. Meu namorado estava de plantão e não iríamos nos encontrar. Mas, logo cedo, recebi seu telefonema pedindo-me para levar sua mãe a um casamento de um parente distante. Eles se lembraram em cima da hora e não deu tempo dele trocar o plantão com um colega. Para mim, iria ficar em casa, descansando, mas, o namorado e a sogra pediram, como iria negar?

Bem, a manhã não foi tão ruim. Fiquei um pouco atarefada porque precisaria sair mais cedo para almoçar, aliás, para ir ao salão fazer uma bela escova. O casamento seria às 19:30 H e não daria tempo após o expediente, pois tinha que fechar a Folha de Pagamento até às 18:30, ou acabaria chegando atrasada ao casório.

Consegui um encaixe no salão, mas, sexta-feira, sabe como é: aquele encaixe! Tive que esperar um bocado, mas consegui. Meu cabelo ficou lindo! Cheguei apenas vinte minutos atrasada no trabalho. Já estava azul de fome, então, pedi um sanduíche. Quando minha refeição chegou, nem pude sentir o gosto, a devorei em cinco minutos. Era hora de continuar, pra valer, a árdua tarefa de terminar toda a Folha de Pagamento a tempo.

Estava indo bem. Nada aconteceu para desviar minha atenção e fazia um trabalho bem veloz, até que, lá para o meio da tarde, caiu um pé d 'água daqueles. Todo mundo adorou, pois já estávamos sem chuva há pelos menos dois meses e meio. A seca de Brasília não é nada fácil! Mas eu logo pensei: "E agora? Já era minha escova! Nem guarda-chuva trouxe! "Se bem que poderia dar sorte. Ainda tinha duas horas e meia para a chuva acabar. Não deixei que isso perturbasse minha atenção. Continuei, firme e forte.

"Pronto! Terminei!" Pensei. Estava feliz! Havia acabado tudo e só atrasei mais vinte minutos. Aqueles malditos da hora do almoço. Mas, olha que coisa boa: a chuva havia passado. Despedi-me de meus colegas e corri para o estacionamento. Não acreditei quando olhei para meu carrinho. Eu tinha mandado lavar quando voltei do salão, mas o havia estacionado embaixo de uma árvore, crente que iria fazer um baita sol. Não acreditei! Toda a sujeira de dois meses e meio que estava em cima daquela árvore agora estava em cima do meu carrinho branco, aliás, preto! Estava nojento! Além da sujeira, havia pequenos galhos e folhas para todo lado. Tristemente, entrei. Pensei em pegar o celular e dizer para minha sogra que nós deveríamos pegar um taxi. Mas, quando chegasse na casa dela resolveríamos isso juntas.

Apesar do trânsito terrível, típico de dia de chuva, cheguei em casa. Já estava em cima da hora. Tomei um banho de dois minutos e coloquei um vestido. Preto, claro! De qualquer jeito, qualquer cor iria acabar ficando preta, mesmo. Melhor prevenir. Cheguei na casa da sogrinha. Ela estava linda, mas com uma cara! Levei logo um sermão por ter chegado atrasada. Pior foi quando contei que não dava para ser no meu carro. Ela já tinha gastado um bom dinheiro com o presente e acabou me convencendo a ir no meu mesmo. Fazer o quê? Era final de mês e eu não também não estava com recursos sobrando para ir e voltar de taxi para um local tão longe. Perguntei se teria Serviço de manobrista, pois pagar íamos o maior "mico", mas ela disse que não se importaria de pagar "mico "para o manobrista. "Tudo bem, então vamos! "Disse sem retrucar.

No caminho, começou a chover novamente. E eu, com aquele mapinha na mão, sem entender bulufas e sem enxergar um palmo diante do meu nariz, ou melhor, diante do pára-brisas. Lendo o "bendito "mapa errado, acabei virando onde não devia e "Pou" que buraco era aquele! Bom, tive que ver pelo lado positivo: o pneu não furou. Não foi maravilhoso? Mas o barulho que meu carro estava fazendo, percebi que o escapamento estraçalhou. "Ao menos anda! "Pensei. Tudo bem, resolvemos retornar o carro, ficar no cantinho da pista e esperar a chuva passar. Ao longe vimos vários carros entrarem no mesmo lugar. Naquele deserto, só podiam estar indo para o casório. Então, deduzimos que teríamos que ir para aquela direção e lá fomos nós.

Conseguimos! Atrasadas, sim, mas inteiras, ou quase. Todos que estavam por lá olharam para nós. Estávamos, realmente, chamando atenção. Mais ainda do que havia imaginado. Antes, o "mico "fosse só com o manobrista! Olhei para minha sogra e tive vontade de esganá-la, mas sorri, claro! Tudo bem, ao menos os noivos estavam lá dentro do salão de festas, porque já havíamos perdido a cerimônia. Então procuramos entrar sorrateiramente e cumprimentar os noivos e seus pais, como se tivéssemos assistido tudo.

A festa foi muito divertida. Dançamos, comemos, bebemos, rimos, etc., até esquecemos de tudo que havíamos passado, se o destino não nos tivesse pregado mais uma de suas surpresinhas. O irmão da noiva era bem jovem, por volta de dezessete anos e resolveu comemorar o casamento de sua maninha tomando seu primeiro pileque. Quando percebemos, a bagunça já havia começado. Foi cadeira para um lado, mesa para outro, até que todos começaram a correr para fora. A festa havia acabado! O anúncio foi da mãe da noiva, que pedindo desculpas pelo acontecido, não conseguiu esconder que estava quase tendo um enfarto. "Eta, filho irresponsável! Não queria estar na pele dele quando todos estiverem em casa!" Era o comentário dos convidados. Mas, na verdade, ao ver aquela multidão aguardando seus carros, não sei quem estava em pior situação. Se ele, ou minha sogrinha e eu. Os manobristas começaram a retirar os carros do estacionamento. Como nós fomos as últimas a chegar, adivinha qual o primeiro carro a ser retirado? Tivemos que entrar naquela maravilha silenciosa com o sorriso amarelo daqueles. Boa noite, amigos, boa noite! Pra você ver, ainda tem quem defenda sogra.
E nada o impede de chegar ao seu destino.

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