domingo, 16 de agosto de 2009

FUGINDO DA REALIDADE


Talvez não consiga descrever-te tudo para que me entenda.
Tentarei, preciso desabafar, não posso conter-me
Ou tantas imagens perdidas me farão enlouquecer,
Luzes, ruídos, odor, por favor, faz-me compreender!

Não me lembro bem, foi rápido, injusto, impactante.
Tentei por todos os meios possíveis, nisso acredito!
Sim, e por isso senti-me e sinto-me impotente.
Ah, se pudesse voltar atrás e tentar novamente,
E se uma atitude nova tornasse tudo diferente?

Acalme-se, meu amigo! Os detalhes virão à tona, tente!
Foi um impacto forte, sim, para qualquer ser vivente.
Lembranças que querem se apagar, sumir ao vento.
Mas voltemos ao início, apenas relaxe, seja paciente.

Sim, preciso meus impulsos controlar.
Conseguindo, porém, como hei de minha perda suportar?
Ter a certeza do meu fracasso, culpa, ou descaso
Seria como uma faca em meu peito, atravessada ao acaso.

Ao acaso? Não, certamente, a palavra não está bem empregada.
Afinal, se culpa ou descaso for comprovado,
Seria como se planejado eu tivesse todo o ocorrido!
Talvez melhor fosse permanecer o mistério oculto,
Esquecer-me do que ainda me assombra, me acovarda.

E se constatado seu fracasso ficasse?
Acaso não seria melhor saber que ao menos tentou?
Todos podem falhar! Somos imperfeitos, como se já não soubesse!
Dependemos também de sorte, de ajuda, nisso já pensou?

Quem sabe a razão contigo está; é possível!
É verdade que “fracassar” é um verbo a ninguém desejável,
Mas diante de meus temores se torna até afago.
Esperança vejo; quem dera em minha mente menos estrago!

Entrego-me agora à sua experiência e sabedoria.
Como queres, voltaremos a quando tudo começou.
Mas se perceberes que meu temor não é ilusório, mas real,
Minta, engana-me, mas não posso conviver com vergonha tal.
Se és meu amigo, venha, envolva-me em sua filosofia.

O que pensas de mim? Quero ajudá-lo a enfrentar sua dor!
Mascarar a verdade? Acha que isso é cura?
Sofres de um mal maior que pensava! Mas nada posso propor-lhe,
Caso não amar a si mesmo, como poderás fugir da morte?

Ah, a morte! Talvez seja essa a saída latente!
Quem dera fosse eu no lugar de meus queridos!
Ou naquele dia infernal também tivesse com eles ido,
E assim, o esquecimento invadiria minha mente.

Nem dor, confusões, culpa ou desilusões.
Tudo passaria, como se nada ocorrido tivesse;
Longe dos pensamentos, longe de incompreensões.
Vazio, como se nenhum sentimento houvesse.
Existir seria passado! Ah, se o nada me sobreviesse.

Não sabes o que dizes, homem rebelde!
Cala-se! Não se acovarde diante das duras circunstâncias!
Quem disse que a morte é vazio, ou nada? Essas são suas ânsias!
É apenas uma passagem para uma vida melhor e distante.

Essas são palavras que me laçam! Como sempre a razão em você impera.
Envergonho-me por tal comportamento: vil e insano;
Deixei-me levar pela dor que me devora,
Meses que me tornaram febril e insensato

Ah, meu amigo, o que seria de mim sem tua firmeza?
Preciso, sim, de ajuda, pulso forte que me domine.
Alguém que me leve de volta à realidade, não se omita, destrua minha fraqueza.
Não atente para minhas loucuras, ou com elas se intimide.
Preciso enfrentar, quero enfrentar, por mais duro que pareça.

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